Tu que perdeste o paraíso
e tens garras que circulam em ruas desertas,
e és herói na lua cheia,
Deixa-me desobedecer às tempestades
que vivem sem chão dentro de mim.
Deixa-me conceber os ruídos da noite
em sons que me criem ilusão.
Deixa-me este desejo de pensar
que valho o verbo amar.
Tu e tanta gente vive na náusea de sentir,
elevam-se no digitar de um computador,
sem remorsos de prender pássaros em palavras soltas.
Deixem-me continuar faminto de viver
num corpo e numa vontade enfeitados de quotidiano.
Deixem-me um dia dos vossos dias
para que vos corte as garras,
povoe as ruas,
e possa olhar a lua imaginando o paraíso.
Deixem-me sorrir, mesmo crispado,
para que os soluços das tempestades
não habitem os céus que resistem.
Assim desato-me de ti
e doutra gente...
E voo em companhia dos pássaros
até onde a liberdade das palavras não tem limite,
Imaginando que desço do abismo da solidão.
JFV
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