Deixem que me sente no chão
onde e
quando quiser.
Não me peçam mais que isso.
Os incautos que fiquem
em bico dos pés.
Eles sim, podem e devem
esgravatar o pescoço
num
colarinho branco
e subir à torre do relógio
para mudar a hora da
sua própria existência.
Marquem nas agendas.
Nós os sentados no chão
lá estaremos para fazer
a reportagem-cerebral dos vossos actos,
não sei se aplaudiremos,
duvido!
Isso, porque teremos as mãos ocupadas
a semear na terra que
nos cerca
as muitas gravatas
que vocês já não usam
porque saíram
de moda
e os sapatos gastos
por tanta hora em bicos dos pés.
Tipo,
funeral dos abrigados da sorte-pequena,
dos infames saldos das
opiniões alheias.
É verdade,
os sentados no chão até vos
compreendem,
apenas não partilham convosco o mesmo caixão.
Preferimos ser cremados
dentro de uma tasca
com uma cerveja na mão
e
tremoços na outra.
Não sabem onde é?
Fácil!
Perguntem à vossa
consciência
se a rua que leva ao amor passa por lá.
Deduzo que vão
ter a resposta,
não tenho a certeza é se a vão ouvir.
Desculpem,
dói-me a alma,
vou
sentar-me no chão e escrever um poema.
Talvez noutro dia nos
voltemos a falar,
aí tentarei que percebam o que isso é.
JFV