domingo, 1 de dezembro de 2013

UM DIA DOS VOSSOS DIAS





Tu que perdeste o paraíso
e tens garras que circulam em ruas desertas,
e és herói na lua cheia,
Deixa-me desobedecer às tempestades
que vivem sem chão dentro de mim.
Deixa-me conceber os ruídos da noite
em sons que me criem ilusão.
Deixa-me este desejo de pensar
que valho o verbo amar.

Tu e tanta gente vive na náusea de sentir,
elevam-se no digitar de um computador,
sem remorsos de prender pássaros em palavras soltas.

Deixem-me continuar faminto de viver
num corpo e numa vontade enfeitados de quotidiano.
Deixem-me um dia dos vossos dias
para que vos corte as garras,
povoe as ruas,
e possa olhar a lua imaginando o paraíso.
Deixem-me sorrir, mesmo crispado,
para que os soluços das tempestades
não habitem os céus que resistem.

Assim desato-me de ti
e doutra gente...
E voo em companhia dos pássaros
até onde a liberdade das palavras não tem limite,
Imaginando que desço do abismo da solidão.

JFV

Concubino de palavras





Deposito verborreia
e o tempo escapa-se-me
ao fim da mente.

Estou em luto de mim
a ver quem passa
pelo funeral das palavras
onde me recolho,

escondo e me imagino.

Escrevo de costas voltadas 

e a ferocidade volante(em crescente vigília)
não encontra na viagem
um ponto final caminhando.
.
À velocidade que me desfruto
transformo-me em
concubino de palavras
atropelado por sinais interiores
de um ego irado.

Sou a farsa das palavras metálicas
que tenho,
uso
e me corrói o coração,
já que do amor atropelo a verdade com a mentira.

O cume que imagino
atingir sem dor
constrói uns quantos versos
para que as lágrimas que finjo
criem algum mistério
onde a escuridão
lhe ofusca o brilho que não têm.

Paz à falta dos sentidos que me pune
quando aniquilo a poesia.


JFV