A ausência que não cabe
numa janela,
fez com que costurasse
uma cortina nos olhos
e falasse com o que ainda
há de mim.
A ausência que não cabe
no lenço encharcado
de lágrimas que se
inventam
quando o imenso tempo de
insónia
esgota a existência.
(Pensava eu que a
existência era só não fechar as cortinas dos olhos.)
Um choque, um espasmo, a
escuridão.
Toda uma imaginação
moribunda
que humedece o calor que
temos por dentro.
A ausência que não tem
conquistadores nem conquistados,
somente o nada que é o
vazio,
e a transparência da
cortina em carne crua
deixando ver no horizonte
os instantes lentos
e enigmáticos da dor e do
ódio
criando um precipício
vertiginoso de eternidade.