sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Os olhos não fogem...




Choro!
Grito com os homens que sendo da terra, da terra fogem.
Fundem-se, terríveis, à morte que provocam com a impureza dos excessos
e trazem para a rua o terror como se fosse a pele com que nasceram,
o corpo com o cheiro a pólvora com que cresceram,
a vida de metal, colérica e negra com que morrerão.

Choro!
A minha inquietação não me permite dar sentido a um mundo
que provoca tempestades a sangue frio,
concebendo-as e executando-as como se o céu fosse só um,
existisse apenas uma estação no ano
e o abismo entre o céu e a terra fosse somente nevoeiro.

Choro!
Rego a terra onde não serão sepultados os que hoje estão de luto
mas respiram liberdade.

Os olhos não fogem...

08/01/2015

JFV