quinta-feira, 29 de agosto de 2013

maltrapilho dos sentimentos



Vejo apaixonados a germinar
em campos de sangue coalhado.
Miseráveis cruzes erguem-se
onde foi sepultado o derradeiro amor.


Espigas vermelhas
marcam a alma
e o calar do tempo.


A melancolia
soa como a trovoada.
A natureza em êxtase
forja a viagem de regresso
ao indecifrável
que é a luta da paixão.


Dói a conquista dura,
tornámo-nos o extremo
de uma bebedeira acumulada
pelas excessivas sensações
que o peito não destrinça
e o cérebro sofre alterações de rumo.


Hoje, maltrapilho dos sentimentos
ergo-me
e luto contra o musgo
que as lágrimas criaram.


O que me interessa
é reinventar o sangue,
e replantar as espigas
noutra espécie de amor.


JFV


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O velho que não se pode levar a sério





O velho que não se pode levar a sério
está com a idade suja e sem máquina de lavar.
Lava o tempo numa rede social
e pendura-a num mural onde os pregos dormem
com cordas e molas.

A promiscuidade no estendal é história sem significado.

De alguma forma o velho rodopia e seca,
até porque o cheiro que emana
é justiçado no feed
e nos likes que sofrem de depressão.
Sonhos e pesadelos_a maioria entre posts_
já só fazem que o velho que não se l(a)eva a sério
diga:
-OK...Não me submeterei mais aos mergulhos em seco
numa máquina de lavar inexistente.

O sujo tem pernas
e a promiscuidade aqui tem história
e significa que há nódoas
que nem sabem que corpo seguir
nem que idade têm.

JFV

03-08-2013