O meu silêncio não é acompanhado por melopeia, dança na boca viúva da palavra. Sem som ando a fingir que vivo no pensamento e assim mudo, baptizo todas as prisões com o perfume que o cérebro liberta.
Preso numa cela onde perecer ou sacudir dores (num salto de milhares de ilusões) é-me tão enfadonho como mergulhar no poema onde me espelho.
A esperança de mim tão desatenta eleva a voz apenas na imaginação. Até o sussurro vindo das pedras é mais audível só de olhar para elas.
Hoje, confesso que preferia adormecer ao som de uma canção de acalentar e que as ilusões não se calassem, mas o meu silêncio é encantado, precisa do beijo das palavras para despertar sem sujar os lábios.