segunda-feira, 1 de abril de 2013

SENTADOS NO CHÃO







Deixem que me sente no chão 
onde e quando quiser. 
Não me peçam mais que isso. 
Os incautos que fiquem em bico dos pés. 

Eles sim, podem e devem 
esgravatar o pescoço 
num colarinho branco 
e subir à torre do relógio 
para mudar a hora da sua própria existência. 

Marquem nas agendas.
Nós os sentados no chão 
lá estaremos para fazer 
a reportagem-cerebral dos vossos actos, 
não sei se aplaudiremos, 
duvido! 
Isso, porque teremos as mãos ocupadas 
a semear na terra que nos cerca 
as muitas gravatas 
que vocês já não usam 
porque saíram de moda 
e os sapatos gastos 
por tanta hora em bicos dos pés. 
Tipo, funeral dos abrigados da sorte-pequena, 
dos infames saldos das opiniões alheias. 

É verdade, 
os sentados no chão até vos compreendem, 
apenas não partilham convosco o mesmo caixão. 
Preferimos ser cremados 
dentro de uma tasca 
com uma cerveja na mão 
e tremoços na outra. 
Não sabem onde é? 
Fácil! 
Perguntem à vossa consciência 
se a rua que leva ao amor passa por lá. 
Deduzo que vão ter a resposta, 
não tenho a certeza é se a vão ouvir.

Desculpem, 
dói-me a alma, 
vou sentar-me no chão e escrever um poema. 
Talvez noutro dia nos voltemos a falar, 
tentarei que percebam o que isso é.

JFV

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