quarta-feira, 19 de novembro de 2014

O estar só tudo oculta




 Pintura de William Dobell

Para quê proibir a solidão
se enfeita a carne e ossos como a leveza das aves
sacode as penas para a almofada
onde ninguém encosta a cabeça?


Há que sossegar a noite e o dia,
tornar a vida em desconstrução
com menos espectro
e mais rasgão com conserto.
Depois...
(O estar só tudo oculta)
é o bocejo resignado no silêncio
de um corpo mal aproveitado,
a doçura do mistério que respira
involuntariamente.
Depois...
É adormecer com a almofada entre as pernas,
e deitar o destino
num quarto ao lado.


JFV

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