Banco de refugiados - Banksy
Para
ti, Ana Vassalo
A
de uns- os felizes-
e
a dos outros- os despidos-
Os
felizes têm vidas gourmet,cafés e restaurantes assentes em estacas zero
e não pensam na fuga.
Evitam-na
enquanto houver economistas
e
a maneira excel como veem a humanidade.
Têm
as mãos ocupadas, a mente barricada,
os
corações parados e os olhos enxutos.
Para
eles há o mar sem fundo, fronteiras demarcadas e religiões
derretidas.
As
ondas, a liberdade, as crenças e a leveza do olhar são enxofre que
os intoxica.
Zaatari,
Boynuyogun, Calais, Lesbos
e Chios
são
nomes de casa de passe
com
meninas-mulheres a taparem o rosto com cinto
de ligas.
(Infectas
as mentes de fraque e cartola)
Os
despidos têm o mar que não cumpre rotas,
fronteiras
que bloqueiam destinos,
orações
ditas por lábios sem gula
e
não sufocam o sonho
(mesmo
que a morte esteja ali à frente).
Esquecem
o nu a que chamam sobrevivência
e
tremem,
não
de frio mas da incerteza de terem futuro.
A
força que ainda os abraça
é
do tamanho da inutilidade humana.
E
enquanto não descansam,
desadorna-se
o mundo.
JFV
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