quarta-feira, 6 de março de 2013

SERENO






Ernest Descals


Sereno
Desbravo a sorte de ter tido a sorte
De te rever no Bar
Onde os copos são receptáculos de amores
Entornados
Sem protecção.
A sorte de ter tido a sorte
De encontrar uma cadeira perto de ti
E de te amar em tragos.
Do nada um empregado
Trouxe o teu nome na bandeja.
Uma infinda voz
Ressoando pelo peito
Adormecendo sentidos e inexactidões,
Fez do entorpecimento da vida
O que se pretende de melhor:
A calma do pousar na mesa do Bar
Um amor inexistente
Apenas porque é verão
E o calor alucina-me.
Sereno
Busco a fonte mais próxima
E desdigo a sorte de nada se ter passado.
De te ter bebido
Convencido que estávamos em Agosto.
Dezembro demora a passar.
Sereno
Vou-me recostando na vontade de amar.
A ser somente uma versão revista de outros calores.
Sorte a minha poder escrever
Com a tinta do teu suor de Inverno
Sobre a mesa onde o empregado nos saúda diariamente.

JFV

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