Ernest Descals
Sereno
Desbravo a sorte
de ter tido a sorte
De te rever no
Bar
Onde os copos são
receptáculos de amores
Entornados
Sem protecção.
A sorte de ter
tido a sorte
De encontrar uma
cadeira perto de ti
E de te amar em
tragos.
Do nada um
empregado
Trouxe o teu nome
na bandeja.
Uma infinda voz
Ressoando pelo
peito
Adormecendo
sentidos e inexactidões,
Fez do
entorpecimento da vida
O que se pretende
de melhor:
A calma do pousar
na mesa do Bar
Um amor
inexistente
Apenas porque é
verão
E o calor
alucina-me.
Sereno
Busco a fonte
mais próxima
E desdigo a sorte
de nada se ter passado.
De te ter bebido
Convencido que
estávamos em Agosto.
Dezembro demora a
passar.
Sereno
Vou-me recostando
na vontade de amar.
A ser somente uma
versão revista de outros calores.
Sorte a minha
poder escrever
Com a tinta do
teu suor de Inverno
Sobre a mesa onde
o empregado nos saúda diariamente.
JFV
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