segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ESTOU PREGADO NO SONHO

ESTOU PREGADO NO SONHO

Estou pregado no sonho.
Braços abertos,
Pregos nos sentidos.
Quero salvar a alma
E não consigo.
O sono sonha mal!
Luta de almofadas,
Lençóis que me estrangulam,
Cobertores tapados de agonias
A cobrir o pecado dos amantes
Esquecidos que têm corpo.

Estou pregado no sonho.
Mente lunática
De coroas de espinhos,
Sangrando o passado de ontem,
Confirmando as duvidas
De uma existência a dois
E de uma cabeceira em cruz.

Almofadas
Lençóis
Cobertores
Objectos que sentem
O sangue, suor e lágrimas
Dos amantes que se esquecem
Que continuam a ter corpo
Em confissão.

Estou pregado no sonho.
Crucificado na engrenagem
De um sonho que não regressa
Sonhos-lembranças
Sonhos-reza
Que todos desejam
E poucos conhecem.

Sou o homem-só
De braços cruzados
Desperto do sonho
Sem absolvição.
A amar o amor que não regressa
Nem com a ressurreição.

Os meus pregos
E coroa de espinhos
São objectos em sonhos distintos!

JFV

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