Para Ana Vassalo
As portas dos poetas
não têm chaves.
São mansardas abertas
ao querer do sonho,
amante do vento que iça
os sentidos
e os faz ser luz
a iluminar o escuro das
palavras
quando as palavras não
têm fé.
Erguem-se flâmulas nos
olhos da poesia
habitada pela primavera do
pensamento,
esvoaçam anunciando o
amor
que esteve no escuro
e na ferrugem de uma
fechadura
que enclausurava a mente.
Entra o esvoaçar das
ideias.
Entram trepadeiras como
chicotes
a vergastarem as trevas.
Entro eu e tu e ainda
tu...
vindos da terra onde as
letras se casam,
deitamo-nos despejados do
fingir
e o desejo é possuirmos o
corpo da imaginação.
Não se bate à porta dos
poetas,
entra-se e sobe-se até à
mansarda
onde já as aves deixaram
penas
para escrevermos o que a
alma e a vida ditam.
Sem caveiras,
poesia apenas,
na procura das palavras
certas.
Tanta beleza sem mistério
onde se entra
com a chave da criação.
04/01/2013
JFV
A minha sorte é esta, meu amigo: dedicarem-me poemas fantásticos, assim! Está descoberto o paradeiro da dita, afinal. Se a isso somarmos o facto de o poeta ser um amigo querido, então eu tenho mesmo muita sorte. Vês? Pensando tudo muito bem, é só questão de perspectiva. De vez em quando lá temos que subir à secretária, para olhar mais mundo... Beijinho, meu amigo, muito obrigada.
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