segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

As portas dos poetas

Para Ana Vassalo


As portas dos poetas
não têm chaves.
São mansardas abertas
ao querer do sonho,
amante do vento que iça os sentidos
e os faz ser luz
a iluminar o escuro das palavras
quando as palavras não têm fé.
Erguem-se flâmulas nos olhos da poesia
habitada pela primavera do pensamento,
esvoaçam anunciando o amor
que esteve no escuro
e na ferrugem de uma fechadura
que enclausurava a mente.
Entra o esvoaçar das ideias.
Entram trepadeiras como chicotes
a vergastarem as trevas.
Entro eu e tu e ainda tu...
vindos da terra onde as letras se casam,
deitamo-nos despejados do fingir
e o desejo é possuirmos o corpo da imaginação.
Não se bate à porta dos poetas,
entra-se e sobe-se até à mansarda
onde já as aves deixaram penas
para escrevermos o que a alma e a vida ditam.
Sem caveiras,
poesia apenas,
na procura das palavras certas.
Tanta beleza sem mistério
onde se entra
com a chave da criação.

04/01/2013

JFV

1 comentário:

  1. A minha sorte é esta, meu amigo: dedicarem-me poemas fantásticos, assim! Está descoberto o paradeiro da dita, afinal. Se a isso somarmos o facto de o poeta ser um amigo querido, então eu tenho mesmo muita sorte. Vês? Pensando tudo muito bem, é só questão de perspectiva. De vez em quando lá temos que subir à secretária, para olhar mais mundo... Beijinho, meu amigo, muito obrigada.

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