Mergulho na Cor
Mergulho na cor de um parto,
branco!
Ouço o choro de ter nascido
sem saber ainda tingir os dias,
pintá-los com pincéis biográficos
e tintas de um espasmo que acaba
desenhado na tela
do tempo que sobrevive
e que nos faz pensar
o que ainda não sabemos.
Vida abstracta em mutação de símbolos
que não são para emoldurar
nem quando o traço é imaginário.
Fragmentos de um quadro em movimento
para exposições de galerias vazias.
Insuficiência no tempo
e de um futuro ocluso
até atingir o final
inoportuno e difuso.
O pintor deu-me assombrosas cores
que a vida pintou:
Do mau ao sublime
num mundo de estranheza.
E assim chego ao preto,
criança a perturbar-me de novo
onde o parto é já opaco
e mergulha no espectro da cor
que jaz na tela
exposta além de mim.
JFV
2/4/2012
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